Eu escutei um pouco da História da Rádio Globo

A Rádio Globo, do Rio de Janeiro (RJ), completou 60 anos de atividades. Foi inaugurada em 2 de dezembro de 1944, pelo jornalista Roberto Marinho. A emissora passou pela "Era de Ouro" do rádio e pelas décadas seguintes, quando o veículo teve que atuar de forma diferenciada, com a chegada da televisão e outros meios de comunicação. As décadas de 70 e 80 marcaram o rádio segmentado em programas de entretenimento popular e grandes coberturas do futebol.

Motivado a sintonizar notícias do futebol carioca, acabei ouvindo toda a programação diária da Rádio Globo, a partir do final dos anos 70 e início dos anos 80. Assim, com o receptor analógico, numa cidade do interior do Espírito Santo, era possível acordar ouvindo o programa do Luciano Alves. Às 7h, ia ao ar a primeira edição do Correspondente Globo, logo depois da vinheta "são sete horas em ponto". Após o noticiário, a Globo dava espaço para o Paulo Giovanni Show.

Haroldo de Andrade, 1977Na metade da manhã, ia ao ar um espaço que, mesmo sendo em uma emissora popular, fazia o ouvinte pensar: o programa Haroldo de Andrade. O espaço "Debates Populares" tinha a participação de comentaristas tais como Hélio Thyz e Artur da Távola. Havia uma época em que Haroldo de Andrade acompanhava diariamente todas as novidades que envolviam as novelas da Rede Globo de Televisão. Jamais esqueci o nome da repórter que ele chamava nos camarins da televisão: Eliete Beleza Dias. E quem não se lembra da famosa "pergunta do dia"?

Por volta do meio-dia, quando o sinal em ondas curtas geralmente é ruim, ainda dava para acompanhar algum espaço de esportes e o programa do Roberto Figueiredo. Para quem não se lembra, Figueiredo foi o locutor da última edição do Repórter Esso, pela própria Rádio Globo, quando chegou às lágrimas. Acredito que, sem precisar datas, o espaço foi ocupado, ainda, por um radioteatro que dramatizava casos de polícia da Cidade Maravilhosa. Um dos nomes de tal espaço era o de Afonso Soarez, que também foi comentarista de futebol e integrante dos Debates Populares do Haroldo de Andrade.

"Waldir Vieira é um cara tão legal! Na Rádio Globo ele é sensacional!" Este era um dos slogans que apresentava o locutor das tardes: Waldir Vieira. Ele comandava os microfones da Rádio Globo, das 13h às 17h e também nas manhãs de domingo. Como todo bom programa popular, Vieira conversava com ouvintes, pelo telefone. Sempre tinha as famosas charadas que começavam mais ou menos assim: "o que é ... o que é ...". Uma delas, que jamais esqueci, homenageava um locutor de notícias que trabalhou na emissora e, atualmente, labuta na Rede Globo de Televisão: Léo Batista. A charada dizia que alguém tinha lido um texto sobre sapatos e botas. Depois, um interlocutor interpelava e dizia: "você leu botista". Então, Waldir perguntou: quem era o locutor? As respostas certas concorriam aos prêmios do programa. O ouvinte tinha que escolher um número. Depois, o técnico soltava uma gravação que dizia mais ou menos o seguinte: "número um, uma batedeira; número dois, um liquidificador; número três, um jogo de copos; número quatro, um jogo de lençol!" Waldir Vieira teve um fim trágico: no auge do sucesso, foi encontrado morto, num motel, na Zona Sul do Rio de Janeiro (RJ).

E os espaços comerciais? Bom, sempre tinha um anúncio, na Rádio Globo, de supermercado oferecendo, na promoção, a geléia de mocotó Inbasa, o iogurte Yoplait, o leite Vigor, os biscoitos Piraquê, batatas HBT, entre outros. Entre os anunciantes, daquela época, lembro do Disco ("o caminho certo!"), Casas da Banha, Sendas, Mesbla, Casas Huddersfield ("difícil de pronunciar, mas fácil de encontrar!"), A Camélia Flores ("na Rua São Manoel, em Botafogo!"), Francisco Xavier Imóveis, entre outros.

Da programação do final de tarde da Rádio Globo, lembro pouco detalhes, apenas de Carlos Bianchini, que depois foi o apresentador do Jornal da Manchete, na Rede de televisão do mesmo nome, já na metade dos anos 80. Em seguida, após a saída de Bianchini, recordo que o espaço foi ocupado por Edmo Zarife, que ficou famoso por ser a voz que faz a vinheta "Brasiiil", usada nas jornadas de futebol da Rede Globo até os dias atuais.

E quais as músicas que a Rádio Globo tocava naquela época? Bom, felizmente, não existiam os pagodes. Lembro que Luciano Alves gostava de tocar o grupo mineiro 14 Bis, principalmente a música "Planeta Sonho". Bons sambistas também eram valorizados: João Nogueira, Roberto Ribeiro, Clara Nunes, Agepê, Luiz Américo, Paulinho da Viola, Martinho da Vila, entre outros. Como vascaíno, tive que agüentar a emissora apresentar, durante bom tempo, aquela música "Arigatô Flamengo", que o cantor Bebeto gravou, após algum título conquistado pela equipe rubro-negra.

Antes da Voz do Brasil, a Globo apresentava um espaço sobre futebol. Depois do programa, ainda havia mais meia-hora do Projeto Minerva (quem lembra?) para, então, voltar a programação esportiva. Após os esportes, um dos únicos apresentadores que tenho guardado na lembrança é Gilberto Lima. Ele foi o narrador que antecedeu Dirceu Rabello no programa Fantástico. Lima faleceu no auge da carreira.

Nas manhãs de domingos, havia um programa interessante: "A Preparada do Mário Luiz". Era um espaço onde cantores, atores e outros convidados iam até os estúdios da emissora para medirem forças respondendo perguntas "preparadas" pelo então gerente da emissora. O método, depois, foi muito usado em programas de televisão, pelo Sílvio Santos e outros.

De hora em hora, até os dias atuais, a emissora apresenta as notícias no tradicional "O Globo no Ar". Pelo noticiário, passaram nomes como Dirceu Rabello, Léo Batista, Isaac Zaltman, Sérgio Nogueira, César Donery e Luís de França que, mais tarde, tornou-se comunicador popular da estação. Já na unidade móvel da emissora, o famoso "Amarelinho da Globo", lembro o nome do repórter João Vitta. Parabéns Rádio Globo!

Célio Romais em 30/11/2004
Extraído do Site do Autor

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