A Era dos grandes Comunicadores do Rádio está com os dias contados

Nome: Cláudio Moura (Gaúcho)
Natural de: Rio Grande RS
Função: Operador de Audio

Sexta-feira, 30 de Janeiro de 2009
Extrato de Entrevista publicada no Site Onda Curta

O nome de Cláudio Moura, o “Gaúcho“, é familiar para o ouvinte da Rádio CBN do Rio de Janeiro.
Natural da cidade de Rio Grande, no Rio Grande do Sul, ele atua há 18 anos como Operador de Audio na emissora da Rua do Russel.
É um gigante no tamanho -tem quase 2 metros- e no caráter. Profissional dedicado, Gaúcho faz parte de uma raridade entre aqueles que atuam do setor: amigo, honesto, autêntico e sem qualquer tipo de vaidade.
Cláudio Moura trabalhou com os maiores Comunicadores do Rádio Carioca. Mas, foi com Antônio Luiz, Apresentador do lendário programa “A Turma da Maré Mansa“ e também do “Bom Dia Globo”, onde se notabilizou profissionalmente ganhando o respeito dos amigos e ouvintes.

Gaúcho voltou há poucos dias ao trabalho após passar férias em sua terra natal, reassumindo o comando da Mesa de Audio da CBN “A Rádio que toca Notícia”.

Como você veio parar na Rádio Globo do Rio?
Eu trabalhava em Caxias do Sul em 1990 quando conheci o Radialista Marco Aurélio Sena, que é natural de Canela, na Serra Gaúcha, e acabara de retornar ao Sul após ter vivido 11 anos no Rio de Janeiro, onde trabalhou no Sistema Globo de Rádio e na TV Bandeirantes. Ele gostou do meu trabalho e arrumou um estágio não remunerado no SGR, no final de 1990. Pedi licença nos dois empregos que tinha à época e fui para o Rio fazer o estágio. Fui muito bem recebido pelos colegas e me joguei no aprendizado naqueles vinte dias que passei lá. O esforço acabou rendendo frutos. Depois do Carnaval de 1991, fui chamado para compor a equipe do SGR na parte técnica e operacional e estou aqui até hoje, há quase 18 anos.

Durante esse tempo você trabalhou com grandes Comunicadores do Rádio Carioca. Mas parece que a sua afinidade com o Antônio Luiz se sobressaía. Qual era o diferencial do Apresentador de a Turma da Maré Mansa?
Na mesa do Globo AM eu comecei fazendo folgas nas noites e madrugadas nos fins de semana, a partir do começo de 1993. Assumi como titular, na madrugada, em Fevereiro de 1994 no Programa Parada Popular, comandado inicialmente por Sílvio Samper e depois por Clóvis Monteiro, ambos atualmente na Rádio Tupi. Porém, foi com o Antônio Luiz, grande Comunicador e dono de uma personalidade muito forte, que atingi como Operador da Mesa aquilo que considero ter sido o auge na minha Carreira Profissional. O Grande diferencial do Antônio Luiz sempre foi o talento natural, acima da média, para o Ofício. Era um Operário do Rádio!!! Vivia a Profissão e se preocupava com o trabalho bem feito, o dele e o da sua Equipe. Aprendi muito com ele e tenho orgulho de ter trabalhado com um dos Icones do Rádio Popular Brasileiro, do qual sempre fui fã desde meus tempos de criança.

O Antônio Luiz lhe dava a maior moral. Vocês conseguiam interagir de forma extremamente profissional e amigável durante o Programa apresentado por ele nas madrugadas da Globo. Mas, por que, de vez em quando vocês se “estranhavam”?
O Antônio sempre deu muito valor para a sua Equipe. Era temperamental, sincero, brigão, talentoso e muito exigente. Briguei com ele durante quase quatro anos de trabalho em conjunto, umas cem vezes. Ele era esquentado e eu não levo desaforo para casa!!! Já viu, né? Mesmo assim, formávamos uma dupla entrosada. As pessoas me perguntavam na rua como que o Programa era tão engraçado, informativo, dinâmico e popular. Eu respondia: -É Amor visceral à Profissão, dos dois lados do Microfone-. Não há outra fórmula mágica. O Bom Dia Globo foi uma grande Escola e uma prova de fogo para mim como profissional. Acho que me saí bem.

Você trabalhou também com o Antônio Luiz na Turma da Maré Mansa?
Não tive esse privilégio. À época em que ele fazia o Programa na Rádio Globo, até meados da década de 1990, eu trabalhava em outra função na área operacional da Empresa.

A morte do Antônio Luiz deixou uma lacuna que dificilmente será preenchida. Poucos Comunicadores têm o carisma e a modéstia da ilustre figura. Surgirá um outro Comunicador com as características dele no Rádio Brasileiro?
Acho pouco provável. O Rádio que o Antônio Luiz fazia, devido às mudanças no perfil da maioria das emissoras, está com os dias contados. Hoje o Rádio moderno é feito muito mais por Âncoras do que por Comunicadores. Nas Capitais, em especial, cada vez mais a função de Locutor Animador -O Radialista de Ofício- será, a meu ver, algo cada vez mais raro de se ouvir.

Até Dona Suely, sua Senhora Mãe, ganhou notoriedade nas ondas da Rádio Globo. Era porque o Antônio Luiz sempre lembrava dela durante os Programas?
Ele sempre falava na minha Mãe, pois sabia do carinho que tenho por ela e pela saudade que tenho sempre da minha Cidade e da minha Família. Eu retornei das férias faz pouco mais de dez dias e já estou com saudades de Rio Grande, dos meus amigos e da Mamãe, é claro. Isso não cura nunca, pois saí da minha Cidade há quase 20 anos!

Por que o Rádio já não consegue mais empolgar o ouvinte a exemplo do que ocorria naquela época?
Acho que o Rádio perdeu a sua primazia de décadas para a Televisão e isso é irreversível. O primeiro fator é objetivo: a Televisão tem som e imagem e, queiramos ou não, isso faz muita diferença. Outro fator que fez com que o Rádio, em especial o AM, perdesse espaço na disputa no mercado da comunicação foi a falta de renovação e de visão a longo prazo. As velozes mudanças na área da mídia, a partir dos anos 90, pegaram o Rádio AM de “calças curtas”. Isso reflete hoje, inclusive, nas baixas receitas da maioria das Emissora do País, até nas chamadas grandes Rádios.

Além do Audio você domina alguma outra área do Rádio?
Atuo somente como Operador de Audio. Gosto de Mesa de Controle, o Rádio feito ao vivo.

Já faz um certo tempo que você está nos Controles da CBN, mas ainda opera a Mesa de Audio da Globo?
Estou na mesa da CBN desde Junho de 2002. Quanto à Globo AM, não voltei mais a trabalhar na Nave Espacial mais famosa do Rádio Brasileiro. Tenho boas recordações, porém estou bem na CBN. Se tiver que voltar à Globo, recomeço tudo de novo e volto. O Operador de Mesa, consciente, sabe muito bem que ele é “fera” na Rádio dele e no horário dele, no máximo. O resto, de fato, é sempre um eterno recomeçar e reaprender.

O AM vai continuar de portas abertas ou não existe futuro para esse tipo de frequência. Qual sua opinião?
O Rádio AM sempre existirá e terá um público romântico e fiel, porém jamais terá a força que teve outrora. Os tempos são outros. Para voltar a ser no mínimo competitivo o Rádio AM tem que mudar muito: qualidade do som irradiado, programação feita por Radialistas e gente do ramo, Perfil definido de Programação e público alvo. E, por último, viabilidade econômica para manter-se, honrando seus compromissos com a comunidade e com os seus Funcionários, o que não ocorre atualmente em muitos casos.

Pensa em voltar algum dia para o Rio Grande do Sul ou não abre mão do Rio de Janeiro?
Volto para Rio Grande assim que me aposentar. Gosto do Rio de Janeiro, pois ganho meu pão aqui e tenho alguns grandes amigos, mas sinto muito falta da minha Terra Natal.

E que história é esta que muita gente conta duvidando da masculinidade dos conterrâneos gaúchos?
Acho que a culpa é um pouco da gaúchada. As histórias contadas pelos gaúchos, em regra, exagerando em tudo, estimulam que Brasileiros de outros rincões façam piadas conosco. Eu não ligo e até acho engraçado.

Barbaridade, tchê! Então o verdadeiro homem gaúcho é macho de verdade?
A maioria, eu diria que sim!!!


PS.: Confiram o registro em Video do Jose Carlos Cardozo e Gaúcho, no Sistema Globo de Rádio do Rio de Janeiro em 29 de Março de 1995.

Comentários

  1. Um abraço,caro amigo conterraneo.Ouço quase diariamente o 4 em campo na cbn.Uma coisa bacana que vi na tua pagina foi esta abelha....trabalho aqui em Porto Alegre com venda de mel.Um abraço.

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  2. Um abraço,ouço o 4 em campo

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