Fluminense 94.9 FM - A Maldita

Conheça um pouco da História da Fluminense FM (A Maldita) e sua influência no Rock Brasileiro,
de brinde confira Knock on Wood com o Midnight Blues Band no Show dos 10 Anos da Rádio no Circo Voador.

Quem acompanhou a história da Fluminense sabe que a emissora surgiu em março de 1982 e que, em seis meses, já divulgava uma boa leva de bandas de qualidade que representaram novidade e renovação no cenário musical. O Rock Voador já era um projeto adotado por volta de outubro, já com pelo menos uns seis artistas conhecidos através da programação da rádio niteroiense.

Detalhe, não havia Internet, o trânsito de informações era mais lento, a Fluminense era considerada pouco experiente - seus experimentos em programação rock só foram para valer em 1982, apesar da fase experimental em 1981 - e, mesmo assim, a emissora acertou de primeira, já que as bandas da época, como Paralamas do Sucesso e Barão Vermelho, são prestigiadas até hoje.
Já em 1983, bandas como Legião Urbana e Capital Inicial começavam a ser amplamente divulgadas pela rádio niteroiense......

Fonte: Tributo ao Rádio do Rio de Janeiro, por Marcelo Delfino, 02/07/2014

No dia 1º de março de 1982 o som de "The kids are alright", do The Who, ecoava no dial carioca e uma voz anunciava a novidade. A voz era do locutor Amaury Santos e a boa nova era a Fluminense FM, a rádio já existia desde 1972, mas naquele momento entrava no ao a nova Fluminense FM. Reformulada, a rádio trazia uma nova proposta, uma programação musical mais jovem assim como locutores, principalmente mulheres - sem nenhuma outra experiência de rádio -, com um bom texto, humor e inteligência, algo sempre raro nas rádios brasileiras.

O rock brasileiro dos anos 80 deve muito a rádio. Não é a toa que toda bibliografia que trate do assunto rock no Brasil em alguém momento tem suas páginas dedicadas a explicar o apoio que a rádio deu para uma geração nova de músicos com suas fitas demo de baixo do braço à procura de rádio para apresentar seus trabalhos e consequentemente conseguir contratos de gravações e locais para tocar. Isso aconteceu com Os Paralamas do Sucesso, que estouraram "Vital e sua moto", Legião Urbana, Celso Blues Boy, Blitz e muitos outros. A rádio também abriu seus alto-falantes para outros segmentos do rock, como o heavy metal, bandas como Dorsal Atlântica e Azul Limão frequentaram a programação da Maldita antes mesmo de chegar ao seus primeiros discos. A rádio também foi porta de entrada para grupos paulista desconhecidos no Rio de Janeiro, como Rumo, Premeditando o Breque e Arrigo Barnabé.

Toda a trajetória da Fluminense FM foi dedicada ao rock em suas mais diversas manifestações, nomes do mainstream e do underground recebiam o mesmo tratamento, obviamente nem todos estouraram, mas muitas vezes isso era menos importante, entrar na programação ou participar de programas especiais também era objetivo de artistas que cresceram sob a influência das canções que rolavam na programação da Maldita.

Nos anos 90 a rádio começou a perder ouvintes assim como o rock nacional oitentista, que entrou na nova década mostrando notáveis sinais de cansaço e ressaca criativa. A falta de renovação da programação, que ainda dedicava boa parte de sua seleção a nomes do rock internacional dos anos 70, como Led Zeppelin, Deep Purple, Yes e nomes populares do rock nacional agora em fase baixa, fez com que a rádio caísse nos níveis de audiência e logo a falta de anunciantes e de um novo planejamento levou a Maldita a decretar seu primeiro fim. A rádio nunca chegou a ser a primeira em audiência no Rio de Janeiro, mas o bom trabalho desenvolvido nos seus primeiros anos respaldou a a Fluminense FM a conquistar admiração de público, artistas e gravadoras. Em 1983 saiu pela EMI a primeira coletânea da Maldita, chamada apenas de Fluminense 94,9 FM, o LP trazia 12 bandas e nenhum nome brasileiro, o álbum se dividia entre um lado heavy com Iron Maiden, Marillion, Jon Lord, e o lado B com nomes da new wave que ainda não tinham disco no Brasil, como Gang of Four, Classic Nouveaux, Missing Persons e outros.

A Maldita já teve três vidas desde que popularizou como rádio rock lá no começo dos anos 80. A proposta de levar nomes desconhecidos e executar fitas demo foi pioneira e única até os dias de hoje......

Fonte: Disco Furado, 31/08/2013

Acreditem se puderem, jovens, mas houve um tempo em que a internet não existia e que, para conhecer uma banda, era preciso ficar atento às rádios brasileiras. Os mais afoitos deixavam uma fita cassete preparada para apertar o botão REC quando tocasse sua música preferida do momento, já que nem sempre era fácil encontrar o vinil de grupos recém-lançados.

Paralamas do Sucesso, Barão Vermelho, Legião Urbana, Capital Inicial, Plebe Rude, Kid Abelha e Biquini Cavadão aproveitaram a chance e devem muito á Fluminense FM — lembra Bruno Gouveia, cantor do Biquini, que teve seu primeiro single, "Tédio", lançado na rádio em 1984. — Fomos paridos no programa do (DJ e fotógrafo) Maurício Valladares. A Fluminense FM foi nossa mãe e fez o que ninguém hoje tem coragem: tocava música de muita gente nova e não queria saber se era de gravadora ou independente. Sem ela, teríamos sido apenas mais uma banda de colégio sem grandes aspirações e repercussões.

Sons que você nunca ouviu
O que aconteceu com algumas das bandas mais importantes do rock nacional até hoje era exatamente o objetivo da Flu, que ocupava no dial o lugar do número 94,9 e uma sala no centro de Niterói. "A nova rádio Fluminense é mais uma em 16 FMs do Rio, mas certamente será uma rádio absolutamente especial. "A partir de agora, você terá contato com sons que marcaram época e com sons que você nunca ouviu", dizia Amaury Santos, um dos fundadores da rádio, na vinheta de estreia, em 1º de março de 1982.

A rádio começou no fim da ditadura e trouxe uma liberdade de imprensa e cultural que não existia. Os músicos tinham vontade de fazer algo diferente, e o público queria ouvir coisas novas. Também era importante ter música executada na rádio, porque o Circo Voador prestava atenção e chamava aqueles grupos para se apresentar lá -- diz Rodrigo Santos, baixista do Barão Vermelho, que acompanhava Lobão na época.

O projeto funcionou ininterruptamente por 12 anos, com um time feminino de locutores, uma inovação para a época. Em 1994, o pop americano voltou a reinar e, pouco mais tarde, começou o boom de boy bands. O aparecimento de Britney Spears e de outras louras provocantes, em meados dos anos 1990, levantou uma onda de poeira no rock e culminou no fechamento da Fluminense FM. A rádio ainda tentou um último suspiro em 2001 na faixa AM, migrou em 2002 para a FM, mas não resistiu à luta contra a internet, o jabá e o rock adolescente e decretou seu fim definitivo......

Fonte: O Globo, por Michele Miranda, 11/07/2012

Amanhã é dia do Rock. E o Rock nasceu em 1982. Mas como assim? É, eu sei que o rock and roll (seu nome original) nasceu nos anos 50, no rockabilly que emergiu e se definiu nos Estados Unidos no final dos anos quarenta e início dos cinquenta, que evoluiu do blues, da música country e do rhythm and blues, entre outras influências musicais que ainda incluem o folk, o jazz e a música clássica. (Fonte wikipedia). Mas não foi o discotecário Alan Freed, ou Chuck Berry, Elvis, Ike Turner, Bill Halley, etc.. quem inventou o rock para mim. Foi a FLUMINENSE FM.

A rádio Fluminense FM, inaugurada em 1º de março de 1982, às 6 horas, quando eu já me encaminhava para os meus doze anos (completados em setembro daquele fatídico 'ano de Paolo Rossi'), foi a primeira (e talvez única) rádio inteiramente rock and roll do Rio de Janeiro e do Brasil (alguém pode falar em Eldopop, hoje 98 FM! - mas isso, eu não peguei - acabou em 1978, rs...) !
E o rock como estilo de música, filosofia e cultura, para a minha vida, apareceu com os finais de tarde escutando os solos de Mark knopfler em Sultans of Swing ao vivo no programa Rock Alive do DJ e vascaíno Maurício Valladares (onde o grande Mau-Mau tocava de tudo, até Clementina de Jesus - atitude roqueira! e onde escutei pela primeira vez o Lyrnyrd Skyrnyd).

A Maldita, como era conhecida pelos íntimos, teve início de uma mudança radical no meio radiofônico e musical brasileiro, numa época de poucas rádios FM e muitas AM, com muita musica que, à epoca, era considerada pela juventude como Brega: muito Hit Parade, medalhões da MPB, romântico-brega, trilha de novela e etc... a nova Fluminense FM (que quase virou rádio romântica!) entrou no ar, no dial 94,9 MHz, com uma locução exclusivamente feminina, sendo a locutora Selma Boiron a responsável pela inauguração da rádio, destacando-se, ainda, Selma Vieira, Liliane Yusim, Mirena Ciribelli (depois apresentadora de programas esportivos da Rede Globo), Monika Venerabile (que apresentou programas na TV também), além de José Roberto Mahr e Maurício Valadares.

Alexandre Figueiredo de Niterói - RJ conta com alguns detalhes essa história no link (um arquivo doc. bem feito sobre a rádio). A rádio que marcou minha época de adolescente e o começo da idade adulta (foi até 1994), teve altos e baixos, especialmente depois da década de 90, com muitas reviravoltas e mudança de programação, chegando a tocar música pop e dance, com locução amadorística e forçada, totalmente desvirtuada do espirito original, leve, por vezes sóbrio e ao mesmo tempo descontraído da fase primorosa dos anos 80. Em meados de 2005 a rádio passou a transmitir notícias com a rede Band News FM, atualmente é chamada de BandNews Fluminense FM.

Outros programas memoráveis além do Rock Alive: o "Módulo Especial" (meia hora com músicas de um artista), "Guitarras" (metal, punk e derivados), "Espaço Aberto" (Rock Nacional e MPB), "Mack Twist" (skate rock, punk e new wave), "Rush" (soft rock e MPB), "Tendências" (que chegou a ter quatro horas de duração!), 'Clássicos do Rock', 'Novas Tendências', 'College Radio', entre outros. Um link que achei interessante das vinhetas da rádio, outra marca famosa da Maldita, que curtia demais, é esse aqui - https://caixadebootlegs.blogspot.com.br/2011/08/vinhetas-fluminense-fm-maldita.html.

Esses e outros detalhes podem ser conferidos também nos livros "A Onda Maldita" (1992), de Luiz Antonio Mello, e "Rádio Fluminense FM: a porta de entrada do rock brasileiro nos anos 80" (2006), de Maria Estrella......

Fonte: Um Cadinho de Songs, Ricardo de Alencar Igreja, 12/07/2012

Há trinta anos, a Fluminense FM iniciou, em Niterói, sua breve trajetória. Era uma rádio de rock, mas como pouquíssimas em nosso país, não era apenas um vitrolão roqueiro, mas uma rádio dotada de inteligência e perfil progressista que marcou a história do rádio e da cultura brasileira.

Com um perfil que lembra o das rádios alternativas que irradiavam desde o auge da Contracultura nos EUA e Europa, a Fluminense FM foi comandada por Luiz Antônio Mello com uma equipe que incluiu várias figuras conhecidas. Até mesmo a hoje jornalista esportiva da Rede Record, Mylena Ciribelli, é uma cria dessa rádio, que em seus breves anos tornou-se um paradigma quase nunca bem compreendido de radialismo rock.

A emissora adaptava a cultura rock e as expressões da cultura alternativa à realidade brasileira. Tinha humor, mas não sucumbia ao besteirol gratuito. Era uma rádio de rock e não uma vitrola sem vida a despejar sons de guitarras. Era uma rádio para jovens, mas sem a linguagem imbecil das rádios pop. E, muito antes do MP3, era uma rádio que apostava em tocar músicas na íntegra, sem locuções nem vinhetas em cima.

Seu repertório era vastíssimo, e não incluía apenas as músicas e intérpretes conhecidos na cultura rock. A programação normal investia num repertório que não era repetitivo e não ficava nas músicas de trabalho, mas ia nas fitas demo (que divulgaram bandas hoje conhecidas como Legião Urbana, Paralamas do Sucesso e Barão Vermelho), músicas longas (como as do rock progressivo), lados B de compactos, música instrumental e bandas que até hoje nunca foram lançadas pelo mercado fonográfico brasileiro, como Weather Prophets.

A boa performance da Fluminense FM se deu, no conjunto da obra, até 1990. Mas a fase plenamente brilhante durou de 01 de março de 1982 - data da inauguração da emissora, depois de testes de transmissão feitos desde 1981 - até abril de 1985, quando o idealismo era o forte tempero da emissora......

Fonte: Mingau de Aço, Alexandre Figueiredo, 01/03/2012

Entra no ar a primeira rádio de rock no Brasil, A RÁDIO FLUMINENSE FM, em 1º de março de 1982:

O rock sempre foi admirado pelo mundo todo e não seria diferente que aqui no Brasil não possuiria seus fiéis seguidores do estilo. Se naquela época já era difícil o acesso às últimas novidades de bandas internacionais, o que diria das bandas de rock brasileiro, e pior, as que se iniciavam a carreira. O contexto era que o rock nacional não tinha a menor abertura nos meios de comunicação e difusão.

Assim, por necessidade de força maior, surge a Rádio Fluminense FM no dial 94,9 MHz (conhecida como "A Maldita"), elaborada pelos jornalistas Luiz Antônio Mello e Samuel Wainer Filho. Com seus fracos sinais, levariam aos seus ouvintes uma programação exclusivamente de rock e primando na quebra de padrões e preconceitos em radiodifusão. Foi na Fluminense que uma leva de bandas iniciantes e sem gravadoras tiveram a chance de terem as suas fitas demo tocadas na rádio. Assim foi o início de Paralamas do Sucesso, Legião Urbana, Plebe Rude, Biquíni Cavadão, Capital Inicial, Kid Abelha, entre outros. E desse modo, criou-se uma "ponte" entre a Fluminense e o Circo Voador, pois as bandas que o público ouvia na rádio, poderiam ser vistas ao vivo na casa de shows. Finalmente, o rock se abrasileirava, surgindo uma cena nacional, que levou as gravadoras a ficarem atentas às bandas emergentes.

Os ouvintes da Fluminense também ficavam sabendo das últimas novidades do rock estrangeiro daquela época, através do "Rock Alive" pilotado pelo DJ e fotógrafo Maurício Valladares. Por meio do programa, foi possível ouvir os lançamentos das músicas de Echo & The Bunnymen, The Cure e The Smiths, por exemplo.

A rádio no decorrer dos anos, por questões comerciais e de rentabilidade, teve que diversificar a sua programação com a inclusão de músicas pop e outros estilos; a segmentação e o underground não geravam lucros......

Fonte: Palco Alternativo, Rafael Gushiken, 13/11/2012


  

Midnight Blues Band (Circo Voador 1992)-Knock on Wood, na Festa dos 10 Anos da Fluminense

Midnight Blues Band
(Circo Voador 1992)-Knock on Wood

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