Deni Menezes - Um Repórter e sua Paixão: O Futebol

Deni Menezes

Deni Menezes

Patricia Guimarães/Esporte Agito
e Milton Neves

Com mais de 50 anos de carreira e sete Copas do Mundo consecutivas (1970 a 1994) no currículo, o repórter e radialista Deni Menezes é uma das figuras mais conhecidas do público carioca que gosta de futebol. Se destaca no meio esportivo por um incrível faro para a notícia e o vasto conhecimento sobre futebol, sua grande paixão. Nascido em Manaus e de família humilde, Deni começou a acompanhar os jogos pelo rádio ainda criança, recorrendo ao aparelho de um vizinho, com melhor qualidade de transmissão.

Ele conta que tal hobby tinha lances de aventura, pois Deni aproveitava o momento em que a família do vizinho tirava a sesta, após o almoço. “Lembro que, na época da Copa de 50, os jogos eram transmitidos a partir das 15h15 no Rio. Em Manaus eram 14h15, devido à diferença de fuso horário. Para não acordar o meu vizinho, entrava na casa dele bem devagar e ligava o rádio baixinho para torcer pela seleção”, recorda-se com nostalgia.

Deni começou a mostrar o seu talento na Rádio Baré, em 1954. Em 1957, já atuando na Rádio Rio-Mar, seu trabalho chamou a atenção do locutor André Rosito que, na ocasião, também integrava a equipe da Rádio Mundial, no Rio. Percebendo a sua desenvoltura, Rosito prometeu ajudá-lo quando se encontrassem na Cidade Maravilhosa.

No ano seguinte, o jovem Deni mudou-se para o Rio para realizar o sonho de conhecer o Maracanã. Algum tempo depois, procurou Rosito, que o apresentou nas principais rádios da cidade. Foi aprovado em um teste na Rádio Nacional, onde brilhou nos períodos de 1958 a 1965 e de 1977 a 1985. Passou também pelas Rádios Globo (1965-1976 e 1985–1994) e Tupi (1996–1999); pelas redações dos jornais Última Hora e O Globo e foi correspondente estrangeiro das publicações Esto, El Heraldo e Excelsior, da Cidade do México, entre 1970 e 1990.

Uma carreira feita de momentos marcantes e curiosos

Célio, sendo entrevistado pelo Deni MenezesEntre os momentos mais marcantes da trajetória profissional, o veterano radialista destaca a viagem que fez à China em 1964, quando acompanhou a delegação do Madureira, primeiro time das Américas a jogar no país, então sob o regime de Mao-Tsé-Tung. “Foram três semanas em Cantão, Pequim e Shangai. Em Cantão, o jogo aconteceu sob temperatura de quase 50 graus, em estádio feito de tijolos, o que aumentava ainda mais o calor. Em Pequim, uma visita inesquecível à Muralha da China, com direito a hospedagem numa mansão com duas piscinas e quartos pra lá de confortáveis. Em Shangai, um panorama dos jardins em frente ao hotel onde os idosos faziam exercícios lindos de serem apreciados ao amanhecer”, relata empolgado.

Um episódio inusitado – recorda Deni – aconteceu em Cingapura, onde o time ficou hospedado no Hotel Cockpit, de alto luxo, durante 10 dias. “Certa noite, uma linda cantora italiana, loura de olhos azuis, estava se apresentando na boate do hotel. O goleiro Jonas, alto e negro, passou do quarto dele para o quarto dela, pelo lado de fora, ficou nu e deitou-se na cama, enquanto a moça se apresentava na boate. Ao voltar, um pânico: ela começou a gritar ao encontrar o atleta deitado em sua cama. Felizmente, conseguimos contornar a situação e evitamos que a delegação fosse expulsa do hotel. Depois da confusão, o médico Nilson Allan, que cuidou dos jogadores, comentou com bom humor: ‘Também pudera. A moça entra no quarto e vê aquela espada de 21 centímetros fora da bainha...’”, diverte-se ele.

Deni narra outra história curiosa dos bastidores do futebol. “Uma vez, o ex-lateral-esquerdo Marinho, do Fluminense, foi jantar comigo em Laranjeiras, na véspera de uma excursão do time tricolor para a Alemanha. No mesmo dia, combinamos uma entrevista ao vivo no Panorama Esportivo, da Rádio Globo. Quando entramos na Rua das Laranjeiras, a lua cheia estava linda. Eu disse a ele: ‘Olha só, Marinho. Aqui, essa lua maravilhosa. E agora, na Alemanha, o sol está nascendo, pela diferença de horário’. Marinho, com sua ignorância santa: ‘Deni, essa lua que tem aqui é a mesma que tem lá na Alemanha?’”, recorda com bom humor.

Sem perder o espírito crítico

Atualmente, Deni Menezes apresenta o programa Bandeirantes – Rio no Futebol, que vai ao ar de segunda a sexta-feira, das 12h às 13h30, na Rádio Bandeirantes AM 1360. A atração brinda os torcedores com jornadas esportivas e comentários dos jogos. Na sua opinião, o futebol carioca enfrenta problemas semelhantes aos demais estados. “Aqui, os problemas de organização também existem como em qualquer outra parte. Quanto aos dirigentes, os de antigamente metiam a mão no bolso para ajudar os clubes. Hoje, só querem a chave do cofre... Com exceções, claro”, ressaltou.

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