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 PAI, DE PROTAGONISTA A 
                                          COADJUVANTE Artur da Távola                           Pai que sou de três filhos de 
                                          sangue, duas filhas do coração e sete netos 
                                          deslumbrantes, confesso que de tudo o que fiz, faço e 
                                          sou, o ponto mais alto é a paternidade.É a minha 
                                          alegria.
 Ser pai 
                                          é, acima de tudo, não esperar recompensas. Mas ficar 
                                          feliz caso e quando cheguem. É saber fazer o necessário 
                                          por cima e por dentro da incompreensão. É aprender a 
                                          tolerância com os demais e exercitar a dura intolerância 
                                          (mas compreensão) com os próprios 
                                          erros.
 
 Ser pai é 
                                          aprender, errando, a hora de falar e de calar. É 
                                          contentar-se em ser reserva, coadjuvante, deixado para 
                                          depois. Mas jamais deixar de  falar no momento 
                                          preciso. É ter a coragem de ir adiante, tanto para a 
                                          vida quanto para a morte. É viver as fraquezas que 
                                          depois corrigirá no filho, fazendo-se forte em nome dele 
                                          e de tudo o que terá de viver para compreender e 
                                          enfrentar.
 
 Ser pai é 
                                          aprender a ser contestado mesmo quando no auge da 
                                          lucidez. É esperar. É saber que experiência só adianta 
                                          para quem a tem, e só se tem vivendo. Portanto, é 
                                          agüentar a dor de ver os filhos passarem pelos 
                                          sofrimentos necessários, buscando protegê-los sem que 
                                          percebam, para que consigam descobrir os próprios 
                                          caminhos.
 
 Ser pai é 
                                          saber e calar. Fazer e guardar. Dizer e não insistir. 
                                          Falar e orientar. Dosar e controlar-se. Dirigir e ser 
                                          dirigido “na moita”. É ver dor, sofrimento, vício, queda 
                                          e tocaia, jamais transferindo aos filhos o que, a alma, 
                                          lhe corrói.
 
 Ser pai é ser bom sem ser fraco. É jamais 
                                          transferir aos filhos a quota de sua imperfeição, o seu 
                                          lado fraco, desvalido e órfão.
 
 Ser pai é 
                                          saber ir-se apagando à medida em que mais nítido se faz 
                                          na personalidade do filho, sempre como influência, 
                                          jamais como imposição. É saber ser herói na infância, 
                                          exemplo na juventude e amizade na idade adulta do filho. 
                                          É saber brincar e zangar-se. É formar sem modelar, 
                                          ajudar sem cobrar, ensinar sem o demonstrar, sofrer sem 
                                          contagiar, amar sem receber.
 
 Ser pai 
                                          é, enfim, colher a vitória exatamente quando percebe que 
                                          o filho a quem ajudou a crescer já, dele, não necessita 
                                          para viver. É quem se oculta na obra que realizou e 
                                          sorri, sereno, por tudo haver feito para deixar de ser 
                                          importante.
 
 
       
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